A IMPORTÂNCIA DO SENADO
por Carla Pola (*)
Não é novidade que o Senado Federal Brasileiro anda desgastado, mas esse desgaste é causado pelos senadores que lá se encontram e não pela Instituição em si mesma. Esta é fundamental numa Democracia Republicana Federativa.
Em países que o território é dividido em Estados Federativos é preciso haver um poder igualitário que represente os territórios (estados), cada unidade da federação. É assim no Brasil e é assim nos Estados Unidos, por exemplo. De outra forma, as decisões caberiam sempre aos estados mais populosos havendo um desequilíbrio.
A palavra Senado deriva do latim senex (velho, idoso), que originou o Senatus que foi a mais remota assembléia política de Roma Antiga, que se originou nos Conselhos de Anciãos, na Antigüidade (4.000 ac). Era a Câmara Alta, assembléia dos notáveis; os mais velhos e experientes, em sua sabedoria, decidiam e aconselhavam nas decisões. Muitos senadores foram exilados por acabarem sendo uma oposição aos imperadores.
O princípio de que os mais velhos e experientes trariam mais sabedoria nas decisões resistiu relativamente através dos tempos; nossa Carta Magna no seu art.14 estabelece a idade mínima de 35 anos para concorrer ao Senado da República, em contraste com Deputado Federal que é de 21 anos.
Sendo o Senado a mais alta Câmara Legislativa que representa os territórios, elege 3 senadores por Estado equilibrando o poder de forças e também dando a mesma importância a cada unidade da federação. Segurando a ânsia legislativa dos deputados que são eleitos em proporcionalidade ao número de eleitores que representam, temos aí a importância do Senado Federal.
Hipoteticamente falando, se hoje o Senado Federal acabasse e tivéssemos só a Câmara dos Deputados, à maior bancada seria a de São Paulo por ser o estado brasileiro com o maior número de eleitores e assim desequilibraria o poder de decisão. Estados com menor número de eleitores ficariam prejudicados. A Câmara dos Deputados representa o povo, por isso o critério da proporcionalidade nas eleições e por isso o maior número de deputados federais serem oriundos de SP.
Vejo muitas pessoas falando num poder legislativo unicameral, isso até faria sentido se falássemos de países divididos somente em municípios e não em estados, valendo assim somente a câmara dos representantes do eleitor; porém, quando há a divisão por estados é preciso o Senado, a fim de equilibrar a Federação e revisar as decisões oriundas da Câmara dos Deputados atendendo aos interesses dos estados federativos.
É preciso entender que a Instituição Senado permanece, são os senadores que passam e passam através do voto. Se queremos um Senado atuante nos interesses que existem numa República, em primeiro lugar é necessário saber votar, elegendo políticos comprometidos com a importância e o verdadeiro papel do senador numa sociedade democrática. Não elejamos os fisiologistas e clientelistas que fazem de uma bela Instituição, a mais alta Câmara Legislativa do país um mercado de troca de favores, um reinado a parte.
Ainda temos muito que aprender. Os eleitores ainda não se conscientizaram do seu papel fundamental na democracia. Votam por troca de favores, sejam telhas, cestas básicas, empregos, enfim... E acabam dando essa aparência de mercado a todos os poderes que precisam ser eleitos pelo voto. De nada adianta reclamar quando não se sabe votar.
Se o Senado Federal do Brasil se encontra na lama do descrédito, da corrupção, das ameaças do banditismo em geral, a culpa é nossa. O Senado como Instituição é nobre e o objetivo da sua existência é mais nobre ainda.
O que vemos hoje? Deputados federais praticando vereança federal e vemos Senadores sem votos dando as cartas no lugar mais alto do Legislativo brasileiro.
Cabe a nós, eleitores, mudarmos este quadro. Exigindo mudanças que comecem a varrer de tão nobre Casa os oportunistas do poder. Que venham as crises! Através delas a verdade se imporá e as mudanças aparecerão! Não nos desesperemos, porém cobremos!
Mudemos essa frase de Theodore Roosevelt:
Quando se faz a chamada no senado, os senadores não sabem quando devem responder "presente" ou "inocente".
Para essa do Barão de Montesquieu:
Os privilégios devem ser para o Senado (Instituição), competindo aos senadores o simples respeito.
(*) Carla Pola,Professora, Tubarão - Santa Catarina.
1 comentários:
pois é, carla, o problema que o brasileiro sempre prefere tirar o sofá da sala, principalmente quando sabe que ele mesmo é culpado pela situação. Aí o cinismo das massas aliado ao oportunismo de certos grupos políticos formam caldo ideal para se discutir o senado e não os senadores.
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