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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O Reino de Lisarb - 01

O REINO DE LISARB

Capítulo 01 - Soidní
por Hilda Regina Medeiros (*)
 
° Há muitas e muitas eras, existiu um Reino de grande território onde o povo nativo possuía o direito de ir e vir, de falar, de sentir, de pensar e de agir. Este reino se chamava Lisarb.
°  Para os demais povos do mundo, Lisarb era conhecido como sendo uma espécie de paraíso na Terra. Lugar de povo brejeiro, hospitaleiro, festivo, solidário e feliz. Todas as mulheres do mundo queriam parecer com as lisarbianas, cantadas em prosa e verso pelos arautos da época.
° O povo de Lisarb era chamado de Soidní. Simples assim. Isso se deu por causa da ignorância da horda que - prepotentemente - se intitulava DESCOBRIDORA do território de Lisarb.
° Notadamente, o tempo avança. E a verdade sempre vem a tona. Hoje, sabe-se que muitas civilizações já haviam estado em Lisarb. Então... por que não receberam o status de descobridores?... Simplesmente, porque eram apenas navegadores e visitantes, nunca usurparam dos lisarbianos e muito menos da riqueza daquele território.
° Naqueles tempos idos, existia uma ponte de gelo que unia a Aisá a Acirema. Aquele pequeno estreito era conhecido de poucos reinos e, por isso, os lisarbianos permaneceram por tanto tempo na inocente vida que conheciam, sem possuir o real sentido da cultura do Reino de Aporue. Traduzindo? Os lisarbianos estavam anos-luz distantes da cultura da mentira. Possuíam uma superioridade moral e inferioridade bélica. O resultado do encontro entre os povos dos dois reinos resultou n'um massacre continental de meio milênio. Um verdadeiro genocídio.
° Foi uma espécie de primeiro ensaio do filme norte-americano "Independence Day". Invasores chegaram e arrogantemente se denominaram "descobridores" e se proclamaram SENHORES DO REINO DE LISARB.
° O tempo em que Lisarb era o paraíso findou. A abindância das riquezas naturais foi sendo dizimada, levada - roubada, mesmo - e, o povo ainda preso no espanto coletivo nada fez para coibir a selvageria que se dava. Os Soidní foram sendo exterminados; os que permaneceram vivos foram sistematicamente escravizados e suas mães, irmãs, mulheres e filhas transformadas em concubinas dos seuporue, o povo do reinode Aporue.
° A partir dali, as crenças dos lisarbianos foram inferiorizadas e foi imposta a crença religiosa dos colonizadores. O Reino de Lisarb foi transformado em "casa de campo" para seus novos donos.
° Na época fecunda e pacífica de Lisarb, o solo fértil do território era recoberto por imensas, gigantescas e frondosas florestas. Na maior delas, localizada ao norte - onde os antigos afirmavam terem visto mulheres guerreiras, moradoras de uma aldeia conhecida como ODARODLE, a cidade de ouro -, algumas famílias de soidní foram obrigados a desmatar para que a madeira fosse levada para o Reino de Aporue, bem como as reservas hídricas se tornaram vazias, visto que a água era levada a região árida dos descobridores, enquanto no caminho iam cometendo outras atrocidades.
° Os soidní foram mortos em combate, mas também contaminados por doenças terríveis. Doenças infecciosas para as quais a resistência pura que possuíam estava despreparada. Os que resistiram as enfermidades, eram mortos a tiros de pistolas.
° Uma coisa era certa naquele tempo: todos concordaram que o mais sensato era resistir ao invasor. O instinto de sobrevivência dos lisarbianos originais os fazia lutar para não serem saqueados, para não terem suas mulheres estupradas, suas terras e posses tomadas ou pior, para não serem escravizados. Na melhor das hipóteses, uns poucos eram julgados em ritos sumaríssimos e condenados a morte de maneiras atrozes.
° Os anos passaram. Os descobridores, então, criaram um grupo de indiiduos que seriam responsáveis para espalhar para o povo "a verdade dos fatos" sobre a história do Reino de Lisarb. Assim, dispersaram duplas deste grupo para todos os rincões do reino com o intuito de espalhar a verdade real dos fatos que aconteceram no passado.
° Naquelas reuniões de classes, onde os "sábios do povo" ensinavam as crianças e jovens, começou a semeadura do que gostariam de colher no futuro. Lecionaram que há muito chegaram os civilizadores de um povo idólatra que havia assassinado seu próprio Deus crucificado; que vivia em guerra por motivos banais; que pregava o valor da verdade, mas mentia sempre; que buscava a ética, mas vivia imerso em corrupção, etc... Trouxeram a civilização e a paz entre aqueles que guerreavam entre si.
° Como toda criança e adolescente, sedentos de novas verdades e realidades que os transformem em revolucionários, foram proliferando aqueles discursos. Algum tempo depois, por absolutaincompetência e sede pela realidade dos fatos, os falsos descobridores foram disseminando que conhecer as tradições através de papiros, era muito cansativo. Que os mais jovens e dortes sabiam que mudar é para corajosos; os covardes é que sempre pisavam no freio do progresso.
° Os descobridores venceram e receberam honras dentro e fora de Lisarb. Mas alguns lisarbianos, sabedores de que os tais descobridorescontavam meias verdades, usando louvores de picadeiro, persistiam na mantença da tradição dos antigos LISARBIANOS. Sabiam que os herdeiros dos antigos DESCOBRIDORES não falavam que o preço da tal PAZ que alardeavam ter conseguido, tinha sido o extermínio brutal da maioria, cultural ou fisicamente suprimida.
° O verdadeiro POVO DO REINO DE LISARB sabe a verdadeira história e quem REALMENTE foi EXPULSO da pátria mãe-gentil e é por isso que a ESPERANÇA DO RETORNO DA, DA DIGNIDADE e DA ÉTICA a cada dia renasce e, aos poucos, a população ia acordando do estado vegetativo em que se encontrava.
° É por isso que os herdeiros dos descobridores vão, cada vez mais, usando de movimentos torpes bem afeitos a sua tradição de mercenários, invasores e falsários da verdade.

(*) Hilda Regina Medeiros , Advogada - Belém, Pará, Amazônia, Brasil.

••••• MORAL DA HISTÓRIA •••••


A lição que fica do passado é uma só: “A GRANDEZA NÃO CONSISTE EM RECEBER HONRAS, MAS EM MERECÊ-LAS”, palavras ditas por Aristóteles. 
Lisarb é um reino fictício - pero no mucho - que será cenário de algumas tristezas, outras alegrias... Seremos arautos da verdadeira história e tentaremos desenhar um mapa do tesouro que cada um - por si só - deverá encontrar dentro de si mesmo.
A lição real a ser aprendida no mapa do tesouro do Reino de Lisarb é que “NÃO IMPORTA O CONTO E SEU AUTOR, MESMO SENDO UM VIGÁRIO OU PROFESSOR, O TEMPO É O ÚNICO MORALMENTE COMPETENTE PARA GARANTIR MÉRITOS AOS VERDADEIROS DEFENSORES DO POVO”.
Por anos a fio, os DESCOBRIDORES e seus herdeiros — aqueles que agiram e agem como se fossem os donos dos direitos e das posses alheias — foram tidos como GRANDES HOMENS, CORAJOSOS e QUASE SANTOS... Alguns, o que é de pasmar, tiveram quase uma aceitação unânime. Mas o TEMPO... Ah! O tempo!... Esse incontrolável justiceiro das grandes personalidades e verdades, sempre mostra o VALOR REAL de cada indivíduo.
Haverá um NOVO capítulo?... Não sei.
Pode ser que a Autora deste faça outro. Ou, quem sabe, um outro seguidor resolva ajudar no relato da estória do REINO DE LISARB... O tempo dirá.
Entretanto, sabe-se que sempre será o CONHECIMENTO que fará com que existam MENOS VÍTIMAS de pseudo-descobridores que mascaram a própria COVARDIA em fantasias carnavalescas de CORAGEM... Afinal, em toda religião e/ou filosofia,  USAR DE VIOLÊNCIA PARA AUFERIR VANTAGEM NÃO É SINAL DE ALTRUÍSMO, muito ao contrário.

3 comentários:

Ajuricaba disse...

Só não tira ensinamento dessa "terra de fantasia' quem não quer.
Pindorama existe, mas precisa ser trbalhada para que seja de todos e não de uns poucos que se acham seus donatários perpétuos.
Levarei o link para as Dicas de Tupã.

caferreiradias disse...

Povo estranho esse de LISARB. Não sabe nunca ver que está a ser usurpado constantemente. Ainda bem que não nasci lá.

marcia1907 disse...

pois é, qdo será que teremos uma praça tahrir no reino de lisarb?

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